Erros Aleatórios e Sistemáticos - Bioestatística #6
Sempre que se tenta medir
qualquer coisa, existe um erro, seja usando um termômetro, uma balança, um
questionário, lendo um prontuário, executando um exame físico, ou apenas
observando.
Mas não quer dizer que “houve um
engano” ou que “algo deu errado”. Na estatística o erro significa a diferença
entre o valor real e o resultado, e essa diferença sempre
vai existir, seja grande ou pequena.
Porém o tamanho dessa
diferença é desconhecido, por que não se conhece o valor real do que está
sendo medido (se fosse conhecido não seria necessário medir). Então esse erro pode
ou não comprometer seus resultados e interpretações. E por isso é
fundamental entender suas causas e características, para o planejamento da
pesquisa e interpretação dos resultados.
Existem basicamente dois tipos de
erros, o erro aleatório e o erro sistemático.
Os erros aleatórios interferem em cada medida individualmente (de
forma aleatória). Quer dizer que a cada nova medida o resultado é deslocado em
uma direção e com intensidade diferentes, então o resultado vai variar em
torno do valor real.
Já os erros sistemáticos fazem com que todos os resultados sejam deslocados
em conjunto, gerando um tendenciosidade (viés). Agora a variação
dos resultados não ocorre ao redor do valor real.
Erros aleatórios são causados por fatores que não podem ser
eliminados, talvez controlados, mas nunca eliminados. São fatores de causa
desconhecida, que mudam constantemente ou que são probabilísticos
por natureza. É como jogar um dado, uma moeda, ou selecionar uma amostra
aleatória de uma população.
Apesar de não ser possível eliminar
suas casas, é possível minimizar sua interferência ao usar um
equipamento mais preciso ou uma amostra maior. Além disso, seu tamanho pode
ser estimado através de medidas de precisão, como o intervalo de
confiança ou uma margem de erro, que estimam uma probabilidade do
valor real estar em uma determinada faixa ao redor do resultado.
Erros sistemáticos costumam tem uma causa identificável: um
problema no equipamento, interferência do ambiente ou amostra não aleatória. É
como jogar um dado viciado, que tende a cair mais para um lado do que para os
demais, causando uma tendenciosidade.
São muitas vezes causados por
fatores relacionados ao próprio método usado, e podem ser evitados. Pode-se
verificar se os equipamentos estão em boas condições, controlar variáveis
ambientais, cegar um ensaio clínico, ou mesmo garantir que a amostra vai ser
selecionada de forma aleatória.
Mas note que nem sempre é
possível eliminar sua causa, pois pode fazer parte da própria natureza do
experimento. Imagine um estudo sobre os efeitos de uma técnica cirúrgica, não
há como cegar o cirurgião, ele precisa saber qual procedimento irá realizar, e também não há como ter um grupo placebo.
Quando os resultados estão sobre
o efeito de tendenciosidade (vieses) não há como estimar o tamanho do erro com
medidas de precisão, pois os resultados não estão variando em tordo do valor
real. Logo, o tamanho do erro é completamente desconhecido! Em algumas
situações isso pode não ter muita importância, em outras pode comprometer toda
a validade da pesquisa. Mas não há nada em específico que diga o tamanho do
problema, é uma questão de interpretação (sua e de quem for ler e avaliar seu
trabalho).
Terminar a pesquisa e só então
perceber que seus dados estão sobre efeito de vieses, ou que tem uma margem de
erro enorme, é uma situação muito complicada. Não dá para superestimar a
importância fazer um bom planejamento.
Uma fonte bastante comum de
erros, tanto aleatórios como sistemáticos, costuma ser no uso amostras de
população. O tamanho da amostra, e os métodos de seleção, costumam causar
vários problemas em pesquisas.
Então, da próxima vez vou falar
sobre amostras e populações.
Obrigado e até mais!
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