Método Científico
A palavra “ciência” vem do latin “Scientia”, que pode ser diretamente
traduzida como “conhecimento”. Mas ciência não se refere a qualquer tipo de
conhecimento, para ser científico é preciso se adequar e passar por um conjunto
de princípios e técnicas que servem para organizar e avaliar sua credibilidade.
E a esse conjunto de princípios e técnicas, damos o nome de Método Científico.
Há milhares de anos o homem vem
desenvolvendo métodos para decidir se é seguro ou não acreditar em algo. No
início esses métodos eram mais ligados a sistemas filosóficos e baseados em
lógica simples. Só século XVII é que foi criado o Método Científico moderno,
com uma base lógica aperfeiçoada e princípios sistematizados para encontrar
“verdades”.
Desde então,
especialmente no século XX, muita coisa mudou, contribuições como as de Karl
Popper, Thomas Kuhn, Imre Lakatos, Paul Feyerabend, Jerry Ravetz, entre vários
outros, tiveram grande impacto no desenvolvimento do modelo atual. E hoje temos
o modelo contemporâneo do método científico.
As bases do método continuam as
mesmas, observação empírica e um sistema lógico de pensamento. Porém
o foco do cientista não é mais “provar” que algo seja verdadeiro ou falso,
porque hoje sabemos que isso é impossível. Qualquer teoria, a princípio
considerada verdadeira, está fadada a ser questionada e modificada por futuras
evidências. Um processo que é observado inúmeras vezes na história. Cientificamente
falando, não é possível “provar” coisa alguma, toda “verdade” é
transitória. Então o método científico atualmente é um processo contínuo, de
verificar a adequação das hipóteses à realidade que foi observada até o momento.
O cientista não
é aquele que busca a verdade, mas sim aquele que aprendeu a conviver com a
incerteza.
Esse processo pode ser ilustrado da seguinte forma:
Primeiro é preciso observar a natureza,
o mundo a sua volta, e depois questiona-se o que foi observado (“o que é isso?”,
“como isso acontece?”, “porque?”, “isso é real ou só uma ilusão?”). A partir
destes questionamentos, propõe-se hipóteses, que são apenas palpites de
qual seria a resposta da pergunta. Essa hipótese deve prever alguma
consequência na natureza, caso seja verdadeira, então é hora de observar partes
específicas da natureza, e verificar se essas previsões realmente ocorrem, e
para isso são realizados experimentos.
Se os
resultados dos experimentos não concordarem com a hipótese, isso não é ruim,
pois aprendemos algo novo sobre a natureza, e também é ainda é possível revisar
a hipótese, modifica-la, expandi-la, ou então descarta-la de uma vez. A nova
hipótese vai prever novas consequências, e outro experimento é feito. Se os
resultados concordam com a hipótese, então se tem uma evidência a favor dela. Quando
se reúne um grande número de evidências de acordo com muitas hipóteses sobre um
mesmo tema, então pode ser criada uma teoria.
Essa
ilustração simplifica bem o processo, mas pode causar a falsa impressão de que
um cientista faz isso tudo de forma linear e sozinho, e esse nunca é o caso. É
possível começar ou terminar uma pesquisa ou projeto em qualquer estágio, e a
qualquer momento outros pesquisadores podem participar, conferindo,
questionando, propondo alternativas, replicando seus experimentos ou realizando
os seus próprios.
Essa rede
colaborativa é essencial para o funcionamento da ciência, pois cada pesquisa
individualmente traz pouca evidência sobre uma hipótese muito específica. É
preciso o trabalho gradual e acumulado de muitos para poder formular alguma
teoria relativamente segura sobre qualquer coisa. E além disso existem alguns
detalhes que precisam ser explicados.
Uma hipótese
é uma proposta de explicação para um fenômeno, que é apenas um palpite. Mas,
para a hipótese ser considerada científica, ela precisa ser falseável, isto é,
testável. E para isso ela tem que ser específica e gerar previsões
verificáveis. Se a hipótese não for específica, ela pode admitir diversas
possibilidades, e ser erradamente aceitada, porque as evidências vão estar
sempre de acordo. Ou então, pode ser que não existam meios para se verificar as
previsões da hipótese, e nesse caso a hipótese não pode ser discutida em termos
científicos até que seja criada alguma forma de verificar suas previsões.
Os experimentos
são feitos para observar um ponto específico da natureza, e verificar se as
previsões da hipótese estão de acordo com a realidade. Se os resultados concordarem
com a hipótese, isso não “prova” que ela seja verdadeira. Como já disse, nada
pode ser “provado” por meios científicos. É possível que exista um erro nos
seus resultados; outros pesquisadores podem tentar replicar o experimento e
obter um resultado diferente; ou alguém pode conduzir um experimento diferente
que acabe discordando com a sua hipótese.
Mas se os
resultados discordarem da hipótese, isso também não “prova” que ela seja falsa.
Pode haver algum problema no método usado, ou algum fator de confusão não
considerado. E mesmo se não for nada disso, ainda é possível revisar a hipótese
para criar uma nova e realizar outro experimento.
Se lembre que o conhecimento científico é uma construção coletiva, então é fundamental que os experimento sejam reproduzíveis. Seu modelo deve permitir que outros sejam capazes de repetir o experimento e obter resultados semelhantes.
Se lembre que o conhecimento científico é uma construção coletiva, então é fundamental que os experimento sejam reproduzíveis. Seu modelo deve permitir que outros sejam capazes de repetir o experimento e obter resultados semelhantes.
A publicação
dos resultados, positivos ou negativos, é EXTREMAMENTE importante. Ciência só
se constrói com a colaboração de muitos, e para isso é preciso que todos
compartilhem suas ideias, métodos e resultados.
Isso tudo faz
parte de uma visão bem ampla do método científico, e não preciso seguir esse
modelo rigidamente, você é livre para aplicar esses princípios de várias
formas, sua única limitação é sua imaginação e criatividade.
Obrigado, e até mais!
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