Métodos Transversais e Longitudinais
Os dados de uma pesquisa podem se relacionar com o tempo de
duas formas: Na primeira, todas as variáveis se referem a um único período, o
tempo é constante, esse é o método transversal. Na segunda, as variáveis
podem se referir a momentos diferentes, o tempo agora é variável, e o método
passa a ser classificado como longitudinal.
Em pesquisas
transversais o tempo é constante, tudo se refere a um momento, como uma
fotografia da população e suas variáveis nesse único período, que pode
corresponder a um dia, um mês, um ano, um minuto...
Contanto que seja apenas um único período, o estudo é
transversal.
Nos métodos
longitudinais o tempo é variável. Pode ser apenas um antes e depois,
intervalos horários ao longo do dia, dos meses ao longo do ano, dos anos ao
longo de décadas... o que importa é que exista mais de um momento, mais de
um período.
Inquéritos populacionais e Estudos Ecológicos
são geralmente transversais, mas também podem ser longitudinais, e neste caso
são chamados de Série temporal.
Experimentos laboratoriais e ensaios clínicos
também podem ser tanto longitudinais como transversais, a depender de como
sejam projetados.
Métodos exclusivamente longitudinais incluem experimentos
laboratoriais, ensaios clínicos, Casos-controles (que partem
do presente investigam o passado), e Coortes (que partem do presente e
mantem um seguimento, para avaliar o futuro).
Na epidemiologia é comum usar o termo estudo transversal ou estudo de corte transversal para se
referir a inquéritos populacionais focados na avaliação de variáveis epidemiológicas,
como incidência, prevalência ou letalidade.
É um tipo de estudo simples, barato e rápido,
garantindo agilidade para avaliar o impacto de um evento em uma população,
como uma epidemia, e permitindo uma rápida resposta para sua contenção.
Esse método também pode ser usado para buscar correlações
entre uma doença e as demais variáveis analisadas, tendo a vantagem de poder
analisar diversas variáveis em um único trabalho. Porém nesse caso tem o
grande prejuízo de não avaliar justamente a correlação temporal, pois o
fator e o desfecho são observados no mesmo e único momento (quem veio antes? O fator
ou a doença?).
Mas para isso temos os estudos longitudinais, como
Casos-controles e Coortes:
Casos-controles
são mais trabalhosos que estudos de corte-transversal, mas ainda são muito
mais simples do que Coortes. Só que apesar de analisar dois períodos,
presente e passado, continua não estabelecendo a relação temporal, pois
parte de indivíduos que já apresentaram o desfecho, e por esse mesmo motivo não
permitem o cálculo da incidência, apenas uma estimativa, que é o Odds Ratio. Além disso, a
qualidade de seus dados costuma ser questionável pois muitos usam dados
secundários ou se baseiam na memória dos indivíduos.
Coortes costumam
ser estudos muito caros e demorados, mas são os melhores para estudar
correlações, pois partem de indivíduos saldáveis e os acompanha ao longo do
tempo, o que permite que se estabeleça a relação temporal entre o fator e o
desfecho. Além disso, é possível calcular e comparar a incidência
(risco) de cada grupo, e, ao usar dados primários, se tem controle sob a
qualidade dos dados, para padronizar os critérios.
Mas veja que não é uma boa ideia realizar Coortes
indiscriminadamente para qualquer correlação imaginada, porque o trabalho e os
custos vão ser imensos e a possibilidade de encontrar algo útil muito pequena,
não justificando o investimento. Assim como também não adianta querer usar um
estudo de corte transversal para testar uma hipótese, por que o nível de
evidência é muito baixo.
Seja transversal ou longitudinal, o que importa é usar um
método adequado para seu momento e seus objetivos.
Obrigado, e até mais!
👊obrigado
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