Grupos Pareados e Não Pareados




Comparar grupos é uma etapa comum em várias pesquisas, principalmente em métodos experimentais. Pode se usar grupos controle, tratamento, placebo, controle positivo, e por aí vai... Mas existem duas formas de fazer a comparação, com grupos pareados (estatisticamente dependentes), ou com grupos não pareados (estatisticamente independentes).

A comparação não pareada é quando os membros de um grupo não têm relação direta com os do outro. Cada grupo é independente e exposto a uma condição diferente, para depois serem examinados em busca, por exemplo, da diferença entre as médias de cada grupo.

Já a comparação pareada é quando os membros dos grupos têm relação entre si. Cada indivíduo de um grupo tem um “par” no outro. Esse par pode ser ele mesmo, ou alguém com características semelhantes (como um irmão gêmeo). Agora comparação é feita entre os pares, e a diferença em cada par é usada para encontrar a média das diferenças de cada par.


Trabalhar com grupos independentes requer que os participantes sejam divididos entre os grupos. Como cada indivíduo faz parte de apenas um grupo, os grupos vão ser de alguma forma diferentes entre si, o que pode de alguma forma interferir nos resultados. Esse efeito pode ser minimizado quando alocação entre os grupos é feita aleatoriamente, mas ainda deve ser levado em consideração (mesmo uma divisão aleatória pode gerar grupos muito diferentes).

Os métodos de grupos pareados podem ser conduzidos de duas formas, com medidas repetidas, ou com pares emparelhados:
Medidas repetidas significa usar um único grupo, que é examinado em cada condição. Cada indivíduo desse grupo é avaliado mais de uma vez, e comparado com si mesmo, então elimina-se as diferenças indesejadas que poderiam interferir nos resultados. Além disso, existe a comodidade de acabar precisando de menos indivíduos, pois se usa apenas um grupo ao invés de dois ou mais. Porém surgem outros problemas.

Ao avaliar um mesmo indivíduo mais de uma vez, sob diferentes condições, é possível que a ordem em que cada participante é submetido a cada situação influencie em seu comportamento e nos resultados. O participante pode ficar cansado, entediado, ou aprender como executar mais habilmente a tarefa requisitada. Esse efeito vai depender da natureza do experimento, e pode ser amenizado ao se alternar a ordem em que cada condição é avaliada entre os participantes.

Usar pares emparelhados significa que cada membro de um grupo tem alguém no outro grupo com características semelhantes (mesmo sexo, altura, idade, doença, etc), e o ápice dessa semelhança seria ao usar gêmeos. Agora as diferenças indesejáveis entre os grupos são minimizadas, assim como os problemas de se usar medidas repetidas.

Só que formar grupos emparelhados é muito mais difícil, determinar quais seriam as características importantes para o emparelhamento é complicado, e as amostras podem acabar se tornando enviesadas, principalmente ao se usar gêmeos.

Como sempre, cada abordagem tem suas vantagens e desvantagens, e cada um pode ser mais ou menos apropriado a depender do seu objetivo.


Obrigado, e até mais.

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