Validade Interna e Externa
A validade interna é uma medida da qualidade geral da pesquisa, da
qualidade de sua evidência. Já sua validade
externa, tem a ver com a possibilidade de generalizar e aplicar seus
resultados, sua relevância para a prática.
A validade Interna é a garantia de que os padrões e efeitos
encontrados realmente ocorreram por causa do fator avaliado. Que a melhora dos
pacientes realmente ocorreu por causa da medicação, e não por outras causas
diversas, como fatores de confusão, vieses, ou inadequações no método.
Uma pesquisa sem validade interna não permite que se
tire qualquer conclusão segura sobre seus resultados, porque a origem das
variações ou padrões encontrados não ficou clara. E por conta disso, a
qualidade de sua evidência diminui.
Algumas questões importantes são:
- As amostras foram selecionadas
aleatoriamente?
- Os grupos foram divididos
aleatoriamente?
- Existe alguma diferença entre os
grupos sendo comparados?
- Os pesquisadores e sujeitos foram
cegados quanto ao grupo de cada um?
- Os equipamentos estão calibrados
e realizando medidas corretamente?
- Os critérios de diagnóstico e
classificação foram uniformemente aplicados?
- Existem variáveis ocultas que
podem estar influenciando as demais?
O propósito da pesquisa é gerar evidência sobre uma situação
ou hipótese específica. Se existem diversas explicações para os resultados, sua
evidência perde valor.
Depois de garantir que os
resultados são válidos dentro das condições mais ou menos controladas da
pesquisa, é hora de pensar até que ponto é adequado generalizar essas
conclusões para populações, períodos, ou condições diferentes das que foram
analisadas. Pensar se, e de que forma, é possível aplicar esses resultados na
vida real. Determinar sua relevância na prática. É hora de pensar na validade externa.
Para isso, é preciso comparar as
condições em que o estudo foi executado com as do ambiente real em que se
planeja aplicar esse conhecimento.
- Que população foi estudada?
- Como é a distribuição de idade,
gênero, etnias, perfil socioeconômico ou de comorbidades nessa população?
- Qual nível de treinamento foi
necessário para implementar esse tratamento?
- Os desfechos avaliados no estudo
são comparáveis com as metas usadas em programas de saúde pública e diretrizes?
- Quais foram as repercussões na
qualidade de vida dos sujeitos?
- Quais são os efeitos a longo
prazo?
- Quais são os custos econômicos de
se implementar esse tipo de tratamento?
- É sustentável aplicar esse método
por longos períodos?
Muitas das estratégias para aumentar
a validade interna tornam o ambiente do estudo mais controlado e
restrito, e acabam diminuindo a validade externa. Balancear ambos ao
planejar a metodologia pode ser uma tarefa difícil.
Alguns métodos buscam responder
questões mais específicas, e necessitam de maior validade interna, como
em experimentos laboratoriais ou fases iniciais de ensaios clínicos, que acabam
naturalmente tendo menor validade externa.
Quando o objetivo é conseguir
resultados aplicáveis em condições reais, planeja-se o método com um peso maior
na validade externa, mas tentando manter um mínimo de validade
interna. Porque se os resultados não forem válidos internamente, não vão
servir para nada de qualquer forma.
Sempre que se realiza uma
pesquisa, ou mesmo quando se lê um artigo científico, é preciso estabelecer
estes dois parâmetros antes de tirar quais quer conclusões ou de compartilhar a
notícia.
Obrigado, e até mais!
Muito bom!
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